segunda-feira, 17 de setembro de 2012

"(...) Faz tempo que não ouço uma palavra. Faz tempo que desejo que tudo volte atrás e me deixe viver dias mais felizes. Se tenho saudade? Não deixei de a ter. E por mais que tente esquecer o que significa para mim o teu nome; parece estar escrito de forma permanente... e não há maneira de o apagar.
Mas deixa, agora deixa."

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quando é para sempre.


Todos os dias se assiste a um “corre-corre” desnaturado, de manhã à noite. O dia-a-dia é tão rotineiro que só lembramos algumas manhãs da nossa vida, como se todas as outras se tornassem cópias à medida que o tempo passa.



Juramos que é para sempre.

Depois, deitamo-nos à noite, umas vezes abraçados, outras, zangados; faz parte. Normalmente, o beijo simples, de boa noite, que caracteriza o casamento. Mas o sol no dia seguinte vai andar com a mesma pressa do costume.



Há um dia, porém, que todo esse sistema vai por termo a uma vida. Há um dia que vai fazer fugir à rotina. Ela acaba por breves instantes e quem fica, lembra-se de todas as manhãs que ficaram adormecidas na mente de alguém, à espera que esse alguém acordasse. Todas as manhãs monótonas, simples e rápidas virão ao de cima. Todos os mais pequenos pormenores que contenham aquela imagem, estarão lá a marcar presença.



Todos contam com alguém para um abraço, para uma palavra, por mais hipnotizado que esteja o ouvinte. Qualquer um é capaz de respeitar e desejar, nem que por milésimos de segundo, que tal não tivesse acontecido. Que o tempo tivesse sido mais brando, que o sol tivesse sido mais vagaroso.



Ela vai iniciar agora uma rotina diferente, onde ele não vai estar. Por muito que desejasse chegar a casa depois deste dia, vê-lo, como de costume, a preparar o jantar mecanicamente, assim como dar-lhe o sabido último beijo de boa-noite e poder despedir-se abraçado a ele, com a certeza de que, fosse para onde fosse, ambos se iriam lembrar daquela noite que fugia ao que era um hábito.


terça-feira, 10 de abril de 2012

Comboio.



Dia 1
O desprezo ataca.  ELE olha-te de lado, não fala; só mesmo se necessário. Tu queres cantar para ELE, dizer-lhe o quanto pensas nele, fazê-lo ouvir a tua voz.

Dia 35
Finalmente conversaram sobre o assunto; ELE diz-te que não, que nunca vai passar dalí e o teu ânimo desvanece-se deste dia como a água de uma mão. Continuas a pensar nele e vais para casa nostálgica,  mas com um restinho de esperança de que ELE mude de ideias.

Dia 87
Estás perto de desistir. E encontras-te por acaso, com alguém amigo, com quem, embora não visses há muito, já viveste momentos muito especiais... Alguém que não ataca nem ignora, alguém que se sente bem contigo.

Dia 124
Percebes que ELE se apaixonou por ti. Já não vai a tempo. Começaste a saír com alguém que te valorizou desde sempre, apesar de muitas desavenças... Gostas muito dele ainda, conversam sobre o assunto e desta vez, és tu quem tem oportunidade de decidir. Dizes a verdade. Dizes que já não... que o comboio já passou; um comboio que esperou muito tempo mas que se cansou...



Às vezes o comboio espera durante muito tempo, e quando ele decide finalmente partir, chega o turista apressado, que acaba por pôr as mãos à cabeça, como se o comboio não tivesse esperado.

sábado, 17 de março de 2012

Quando o espelho mostra outra pessoa

O tempo que me olho ao espelho
de nada tem servido para mudar a pessoa que lá aparece.
Afinal, os outros veem-me criança,
enquanto me vejo adulta, vêem-me parva, enquanto me vejo pacífica, alguns até
nem me veem, enquanto eu tento perder peso.
Sinto-me importante só para
aqueles que não me suportam e que passam a vida a coscuvilhar e comentar o que
faço. Sinto-me invisível para aqueles que realmente me interessam. Também para os
mais importantes fui uma desilusão, enquanto, involuntariamente pensei estar a
fazer a coisa certa. Mil desculpas não chegam quando não pensamos nos nossos
atos. Mil desculpas não chegam quando não nos sentimos e deixamos o nosso corpo
caminhar e agir por si, como se “descomandado”. A minha alma está desvanecida a
hibernar, o meu corpo desgoverna-se fazendo a minha personagem atuar e cometer
os piores erros.
Mil desculpas não são
suficientes para perdoar esta ausência persistente da minha alma no mundo...

mas, pela milésima vez eu tento:

Desculpem.

sábado, 10 de março de 2012


Dias enevoados.

São dias como estes que nos fazem parar para pensar. Dias
cinzentos, nublados, cheios de nuvens e poucas sombras; onde não há sol, não há
sombra. Não sei até que ponto não haver sombras é um benefício. Normalmente, as
sombras estão relacionadas com algo mau, mas algo só é considerado mau, quando
ainda temos alguma coisa boa, que faça sentir a diferença. Mas... um dia
cinzento, tem o sol muito escondido, quase como se não existisse, mas existe, e
é só para alguns.
Não sei até que ponto posso tocar nos sentimentos das
pessoas, não sei o quanto se identificam comigo, com as minhas frases, com os
meus problemas, com os meus textos ou com a minha vida. Não sei se há dias para
alguém que sejam mais escuros que os meus, talvez haja, talvez não esteja tão
mal, talvez alguém até viva o dia como sendo noite...
Mas mesmo essas pessoas, têm as estrelas... e pode ser que, mesmo
no meio do mal, de uma vida cheia de dívidas, de problemas, de perdas e
doenças, haja a esperança. Será que é no sol, que sei que existe, que me devo
basear para continuar de cabeça levantada, na esperança que um dia isto mude
para mim e para os outros? Será que devo esperar que um dia o sol se descubra?
A ironia é que todos, embora digam o que pensam, não se
deixam andar para aí como livros abertos e já meio lidos, de maneira a que se
veja que dia é o deles. Alguns até pensam com a língua, mas ao mesmo tempo,
guardam o que sentem na mais profunda das entranhas. E eu? Como poderei eu
saciar a minha curiosidade de saber se vivem mal, se bem? Como poderei eu
ajudá-las? Como poderei saber se estão suficientemente bem para que leiam as
frases do meu livro e me ajudem?
Até pode parecer egoísmo, mas não é. Juro. Todos temos os
nossos problemas, as nossas parvoíces, os nossos erros. Eu estou a tê-los hoje,
no meio de um dia que por si só é soalheiro, mas que me parece inteiramente
enevoado.
Desculpem.

segunda-feira, 5 de março de 2012


Há uma palavra para definir cada "Qualquer Coisa"

E aquela sensação de que tudo nos consome? Consomem-nos as mágoas, as frustrações, as vistas, os sentimentos. Consome-nos o fogo que arde lá fora, sem sequer nos tocar; consome-nos a doença que nos afeta sem avisar. Consome-nos até a solidão, que embora nunca nos fale, está lá a mais. Há sempre alguém que nos tem por perto, mas a quem não fazemos falta. Há sempre alguém que fica para trás... há sempre um último em "qualquer coisa". Penso um monte de vezes no medo que tenho de ficar para trás, de ser a última, ou - quem sabe? - ser "qualquer coisa" a mais na vida de alguém. Pensei que não quero ser um imóvel, embora adore arquitetura, mas também não quero ser o suficientemente móvel para que me tratem como "qualquer coisa".Há sempre um senão, nenhum de nós sabe bem o que quer, mas existe, no fundo, uma palavra para descrevê-lo. Mas há que saber qual é a palavra... ...há que saber se está certa.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

These last years

Caminho sobre este chão áspero e severo, que me engole cada passo. A aderência ao solo complica a minha passagem na rua, cheia de gente, de chuva, de mais complicações, de mais do mais tardio e pouco harmonioso. O atrito não cede à resistência.

Torna-se infernal viver esta vida cheia de complicações e dos tão conhecidos “altos e baixos”. Cada um suporta o seu mundo às costas, como se carregasse a sua cruz, a sua sepultura. Não costumo ver “a mão amiga” que tantas vezes ouço falar, não sinto o além passar-me a mão pelas costas, e dizer-me “está tudo bem, estou aqui.”. O além não costuma falar-me, nem quando lhe grito desesperadamente por uma mera ajuda, que às vezes é tão importante.
Às vezes apanho-me sozinha a pensar que existo, mas que, bolas, tenho levado esta vida num estado de tanta mas tanta passividade, que tudo me passa à frente, num rolo fotográfico, numa fita, sem que eu tenha a oportunidade de tocar, manusear, aproveitar. Como se tudo o que me passasse à frente, me passasse ao lado, e me deixasse simplesmente a assistir. A verdade é que a esta minha vida, não faz mais nada da vida, senão calcar-me. A verdade é que atingi um ponto de saturação, de exaustão perfeita... a verdade é que, mais que “em baixo” e “triste”, me sinto amaçada, destruída, podre.
Estou cansada de actuar como figurante numa vida da qual sou protagonista. Vida... Esta história triste e agreste a que nada resta a não ser trincar a maçã do pecado e deixar que o fracasso a que eu estava já condenada, contamine o mundo, geração por geração.