São dias como estes que nos fazem parar para pensar. Dias
cinzentos, nublados, cheios de nuvens e poucas sombras; onde não há sol, não há
sombra. Não sei até que ponto não haver sombras é um benefício. Normalmente, as
sombras estão relacionadas com algo mau, mas algo só é considerado mau, quando
ainda temos alguma coisa boa, que faça sentir a diferença. Mas... um dia
cinzento, tem o sol muito escondido, quase como se não existisse, mas existe, e
é só para alguns.
Não sei até que ponto posso tocar nos sentimentos das
pessoas, não sei o quanto se identificam comigo, com as minhas frases, com os
meus problemas, com os meus textos ou com a minha vida. Não sei se há dias para
alguém que sejam mais escuros que os meus, talvez haja, talvez não esteja tão
mal, talvez alguém até viva o dia como sendo noite...
Mas mesmo essas pessoas, têm as estrelas... e pode ser que, mesmo
no meio do mal, de uma vida cheia de dívidas, de problemas, de perdas e
doenças, haja a esperança. Será que é no sol, que sei que existe, que me devo
basear para continuar de cabeça levantada, na esperança que um dia isto mude
para mim e para os outros? Será que devo esperar que um dia o sol se descubra?
A ironia é que todos, embora digam o que pensam, não se
deixam andar para aí como livros abertos e já meio lidos, de maneira a que se
veja que dia é o deles. Alguns até pensam com a língua, mas ao mesmo tempo,
guardam o que sentem na mais profunda das entranhas. E eu? Como poderei eu
saciar a minha curiosidade de saber se vivem mal, se bem? Como poderei eu
ajudá-las? Como poderei saber se estão suficientemente bem para que leiam as
frases do meu livro e me ajudem?
Até pode parecer egoísmo, mas não é. Juro. Todos temos os
nossos problemas, as nossas parvoíces, os nossos erros. Eu estou a tê-los hoje,
no meio de um dia que por si só é soalheiro, mas que me parece inteiramente
enevoado.
Desculpem.