segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quando é para sempre.


Todos os dias se assiste a um “corre-corre” desnaturado, de manhã à noite. O dia-a-dia é tão rotineiro que só lembramos algumas manhãs da nossa vida, como se todas as outras se tornassem cópias à medida que o tempo passa.



Juramos que é para sempre.

Depois, deitamo-nos à noite, umas vezes abraçados, outras, zangados; faz parte. Normalmente, o beijo simples, de boa noite, que caracteriza o casamento. Mas o sol no dia seguinte vai andar com a mesma pressa do costume.



Há um dia, porém, que todo esse sistema vai por termo a uma vida. Há um dia que vai fazer fugir à rotina. Ela acaba por breves instantes e quem fica, lembra-se de todas as manhãs que ficaram adormecidas na mente de alguém, à espera que esse alguém acordasse. Todas as manhãs monótonas, simples e rápidas virão ao de cima. Todos os mais pequenos pormenores que contenham aquela imagem, estarão lá a marcar presença.



Todos contam com alguém para um abraço, para uma palavra, por mais hipnotizado que esteja o ouvinte. Qualquer um é capaz de respeitar e desejar, nem que por milésimos de segundo, que tal não tivesse acontecido. Que o tempo tivesse sido mais brando, que o sol tivesse sido mais vagaroso.



Ela vai iniciar agora uma rotina diferente, onde ele não vai estar. Por muito que desejasse chegar a casa depois deste dia, vê-lo, como de costume, a preparar o jantar mecanicamente, assim como dar-lhe o sabido último beijo de boa-noite e poder despedir-se abraçado a ele, com a certeza de que, fosse para onde fosse, ambos se iriam lembrar daquela noite que fugia ao que era um hábito.