terça-feira, 28 de junho de 2011

Insónia

Às vezes, antes de adormecer, dou por mim a recordar o meu dia. O que fiz, o que podia ter feito, o que senti, e o poderia sentir se tivesse essa oportunidade...
Rebolo nos lençóis, desespero. Os meus pés ficam enroscados num tecido imenso, que me abraça até ao pescoço. À noite canso-me. Transpiro, empurro o lençol para trás. Sinto uma infinita falta daquilo que me costuma embalar. Já não me cobre a cabeça, já não suporta a minha falta de juízo... já não há o quentinho, que, mesmo por pouco tempo, me costumava acompanhar.
Volto a puxar para mim os cobertores... volto a aconchegar-me no lençol. Ele já está frio, passam horas, agarro-me à almofada que me quer sufocar.
Não me sinto bem, seja qual for o tecto do sono. Falta-me o amparo. Falta-me o resguardo. A insónia que me assombra o quarto tem de ser travada por alguém. Numa cama de casal não pode dormir um só “ninguém”. Porque ninguém vai adormecer...